segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Marighella julgado no dia dos seus 100 anos


Marighella julgado no dia dos seus 100 anosFoto: ARQUIVO/AGÊNCIA ESTADO

 ESPOSA E FILHO NÃO QUEREM INDENIZAÇÃO POR SUA MORTE, MAS UM PEDIDO DE DESCULPAS OFICIAL DO ESTADO
05 de Dezembro de 2011 às 16:55
247 - No dia em que faria 100 anos, Carlos Marighella terá seu processo julgado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Sua viúva, Clara Charf, e Carlos Marighella Filho não querem indenização em dinheiro. Pedem apenas a oficialização de pedido de desculpas por parte do Estado, por conta das perseguições e assassinato do líder da resistência à ditadura dos militares.
Em 1996, o Ministério da Justiça reconheceu a responsabilidade do Estado pela morte de Marighella. Dois documentários recentes também fazem um perfil sobre o ícone da luta armada no Brasil. Um deles tem a direção da jornalista Rose Nogueira, do Grupo Tortura Nunca Mais, cuja estreia também acontece nesta segunda-feira, 5. O outro, com o título de ‘Marighella’, tem direção de Isa Grinspum Ferraz, sobrinha do guerrilheiro, e já pode ser visto desde outubro.
Um ídolo da esquerda brasileira
Filho de pai italiano e de uma negra filha de escravos nascidos no Sudão, Carlos Marighella nasceu em Salvador no dia 5 de dezembro de 1911. Em 1934, abandonou o curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Bahia para ingressar no Partido Comunista do Brasil (PCB). Torna-se, então, militante profissional do partido e se muda para o Rio de Janeiro, trabalhando na reorganização do PCB.
Conheceu a prisão pela primeira vez em 1932, após escrever um poema contendo críticas ao interventor Juracy Magalhães. Libertado, prosseguiria na militância política, interrompendo os estudos universitários no terceiro ano, em 1932, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Elege-se deputado federal constituinte pelo PCB baiano em 1946, mas perde o mandato em 1948, em virtude da nova proscrição do partido. Volta para a clandestinidade e ocupa diversos cargos na direção partidária. Convidado pelo Comitê Central, passou os anos de 1953 e 1954 na China, a fim de conhecer de perto a recente revolução chinesa.
Em maio de 1964, após o golpe militar, é baleado e preso por agentes do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) dentro de um cinema, no Rio. Libertado em 1965 por decisão judicial, no ano seguinte opta pela luta armada contra a ditadura, escrevendo A Crise Brasileira. Em dezembro de 1966, renuncia à Comissão Executiva Nacional do PCB. Em agosto de 1967, participa da I Conferência da OLAS (Organização Latino-Americana de Solidariedade), realizada em Havana, Cuba, a despeito da orientação contrária do PCB. Aproveitando a estada em Havana, redige algumas questões sobre a guerrilha no Brasil, dedicadas à memória do comandante Che Guevara e tornadas pública pelo Jornal do Brasil em 5 de setembro de 1968. É expulso do partido em 1967 e, em fevereiro de 1968, funda o grupo armado Ação Libertadora Nacional. Em setembro de 1969, a ALN participa do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, em uma ação conjunta com o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).
Com a força crescente do regime militar, os órgãos de repressão concentram esforços em sua captura. Na noite de 4 de novembro de 1969, Marighella foi surpreendido por uma emboscada na alameda Casa Branca, na capital paulista. Ele foi morto a tiros por agentes do DOPS, em uma ação coordenada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. Além de Marighella, outras três pessoas foram atingidas durante o tiroteio.
Minimanual do guerrilheiro urbano
O Minimanual do Guerrilheiro Urbano foi escrito por Marighella em 1969, para servir de orientação aos movimentos revolucionários e libertários. Circulou em versões mimeografadas e fotocopiadas, algumas diferentes entre si, sem que se possa apontar qual é a original. Nesta obra, detalhou táticas de guerrilha urbana a serem empregadas nas lutas contra governos ditatoriais. Nos anos 80, a CIA – Central Inteligence Agency, dos Estados Unidos, fez traduções em inglês e espanhol para distribuir entre os serviços de inteligência do mundo inteiro e para servir como material didático na Escola das Américas, por ela mantida, no Panamá. O grupo guerrilheiro alemão Fração do Exército Vermelho, mais conhecido como Baader-Meinhof, também foi outro que usou as táticas de guerrilha de Carlos Marighella.
Com informações do portal Panorama Mercantil

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