sábado, 11 de dezembro de 2010

Mantega promete ajudar Portugal a sair da "crise do euro"

10/12/2010

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai conversar com o Banco Central Europeu (BCE) e com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para buscar uma solução “sistêmica” aos países da Europa que estão passando pelo que chamou de “crise do euro”. O compromisso foi firmado ontem (9) com o ministro das Finanças de Portugal, Fernando Teixeira dos Santos, e anunciado hoje (10) por Mantega depois de participar de um almoço com empresários da Associação Brasileira da Indústria de Alimentação (Abia), em São Paulo.

Mantega confirmou que o ministro Santos pediu ajuda econômica ao governo brasileiro, por meio da compra de títulos da dívida portuguesa. Ao ministro português, Mantega disse que essa era uma decisão que teria que ser tomada pelo Banco Central do Brasil, que administra as reservas do país. Mas ressaltou que a melhor solução para esse problema não seriam acordos bilaterais, e sim, a ajuda do FMI e das autoridades monetárias europeias para concessão de crédito aos países em crise.

“Me comprometi a buscar uma solução sistêmica para uma crise que não é de um país, é uma crise do euro, que envolve vários países”, disse o ministro brasileiro, ao deixar um restaurante em Higienopólis, na zona oeste da capital paulista. “Eu me comprometi a ligar para o presidente do Banco Central Europeu, para o presidente do Fundo Monetário e para as várias autoridades e vou sugerir que se produzam essas linhas de crédito para que o BCE possa comprar mais bônus”, afirmou.

Para o ministro brasileiro, é “sempre melhor prevenir do que remediar”. A prevenção seria criar linhas de crédito que possam ser “concedidas com facilidade aos países que estão tendo comportamento fiscal adequado e fazendo a lição de casa”.

Mantega também disse que pretende levar esse problema para a próxima reunião do G20, marcada para fevereiro do ano que vem. “Portugal está fazendo o que é correto, com redução de despesas, reformas. Estão se esforçando para ter mais competitividade. Mas eles vivem um problema de desconfiança e esse problema pode ser resolvido no nível da União Europeia. Quem tem que resolver são os países da União Europeia, com a ajuda do Fundo Monetário e do G20”, ressaltou.

Durante a entrevista, o ministro da Fazenda chamou de “equívoco” os boatos de que o Brasil poderia não cumprir a meta de superávit primário (receitas menos despesas sem incluir o pagamento de juros) estabelecida para este ano. “Estou dizendo que nós vamos cumprir a meta rigorosamente este ano e nos próximos anos enquanto eu estiver atrás do Ministério da Fazenda. E [vamos cumprir a] meta cheia, ou seja, sem abater o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], que poderíamos abater”, disse.

Para confirmar que a meta será cumprida, o ministro decidiu fazer uma aposta com um jornalista que o entrevistava no local. “Quando terminar o ano, você pode me cobrar. Aposto com você - e com quem quiser - uma garrafa de vinho bom, que eu vou usar no réveillon”, disse, rindo, o ministro.

Edição: Vinicius Doria

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